pondělí 5. března 2007

nada mais terá o mesmo sabor...

ensina-me a ser assim
capaz de fazer dum ya
algo mais que um sim
nina, nina, ninar
tudo o que pede para ser para já
e deixar aconchegar-se a mim
a certeza de que nada mais terá
o mesmo sabor
a certeza de que nada mais terá
o mesmo sabor
nem cerejas
nem Lisboa…

(sara tavares)

neděle 4. března 2007

afinal a senhora gorda está de férias...

hoje visto a saia preta e os sapatos de lantejoulas. antes de dormir vão contar-me de novo a história que já há tanto espero ouvir: Idomeneo, Re di Creta.

na entrada tudo é dourado e belo. as escadas grandiosas lembram os palácios e as salas de baile – como se fosse um conto de fadas.

procuro o meu lugar e sento-me. hoje não estou só. fico perto das pinturas e do lustre enorme, que reforçam o cheirinho a fantasia.




o pano vermelho e pesado adia o conto que se avizinha. faz-se silêncio e a música de Mozart soa harmoniosa. Fecho os olhos por um pouco para que a música me embale.

Idomeneo o rei de Creta que promete sacrificar a primeira pessoa que encontrar depois do seu difícil regresso de Tróia. terá pois de sacrificar o seu bem-amado filho…a tragédia prossegue emocionante. procuro ansiosamente a contadora, a senhora gorda que esperava encontrar. mas hoje está ausente, talvez de férias quem sabe?

estou quase a adormecer… Idomeneo pede ajuda para salvar o seu filho e nada posso fazer, estou distante, já em Vinarská, no mundo dos sonhos.
regressarei depois, para te ajudar, Idomeneo.

é mesmo ela?

nem queria acreditar que depois da distância e irrealidade que tantas imagens nos manuais escolares criam...ela estava ali!mesmo ali!

viena

o romantismo escondido

o encanto depende do que levamos connosco...































































...nos meus olhos vivem a saudade e a melancolia da ausência.
viena

no silêncio da cidade da música

por todo o lado somos confrontados com a maria tereza é um nome que no final oiço já ecoar na minha cabeça. a matriarca, mãe de vários príncipes todos eles ricos e com mortes prematuras. e o Franz Rudolf? o príncipe, o rei… a realeza os tesouros, a grandiosidade de uma história com um final de mortes e suicídios. apesar de tudo gostaria de encontrar a vida dramática de Mozart ou Bethoveen, apenas encontro um Goethe grande e perdido no meio de umas obras.

Palácio de verão, palácio de Inverno, igrejas ricas e tesouros da mesma qualidade. tudo parece intocável e asséptico. é fácil imaginar aquela vida regrada e normativa da família real. é fácil imaginar as festas e os bailes. Imaginar toda a ostentação que vemos nos filmes sobre a princesa Sissi.

procuro um outro lado, toda aquela azáfama de uma classe pobre mas culta. procuro a vida do povo nas ruas e tudo à minha volta são euros a mais para a minha bolsa. um mundo intocável e abstracto onde a beleza se traduz na grandiosidade de um edifício ou monumento em que ainda nos sentimos mais pequenos. nem o romantismo de um coche puxado por bonitos cavalos brancos aquece a atmosfera. tudo vazio. sem vida. sem afectos.

já de regresso a casa, o acordeão de um pedinte, numa melodia arrastada e triste me traz o encanto daquela que se diz a cidade da música onde ela está também tão ausente.

não vi o danúbio sem ser na viagem não visitei o museu de Freud nem o Leopold Museum não estive no Zentralfriedhorf perto das campas da gente importante não andei de bicicleta não comprei chocolates finos não ouvi uma verdadeira ópera não me sentei num banco de jardim.
talvez tenha razões suficientes para voltar, a Viena. talvez!